domingo, 30 de setembro de 2007

Cinema Paradiso (Nuovo Cinema Paradiso)

- - - de Rafael, para o na Vitrine.

Um dos maiores acertos da academia cinematográfica no preciso ano de 1989 foi premiar com o Oscar de melhor filme estrangeiro Cinema Paradiso. Assim, algumas locadoras acabam até considerando a possibilidade de mantê-lo em circulação (na verdade, isso sou eu tentando liberar minha agressividade contra as locadoras de Águas Claras).

Voltando. Eu pensei, na verdade, em postar outra coisa hoje. Uma lista de motivos de por que você não precisa assistir a O Segredo. Mas lembrei que alguém (não vou citar) amou esse filme e resolvi ficar frio. Falar de Cinema Paradiso é muito mais propício, simplesmente pelo fato de esse filme ser maravilhoso.

Qualquer pessoa que se considere minimamente cinéfila tem obrigação tácita de assistir-lhe. A história do cinema antigo é o plano de fundo marcante na trama. Totó (Salvatore Cascio e Jacques Perrin), um bambini italiano nascido na década de 50 (ou 40, mas a história é em 50), tem grande curiosidade pelo ofício de Alfredo (Philippe Noiret), quem opera os projetores de um cinema local. As sessões, cujos filmes são sempre submetidos à censura da igreja, reúnem toda uma comunidade de forma muito diferente das atuais. O cinema é uma distração para o povo, para as massas, e a bagunça é generalizada.

Outras questões também acompanham o desenvolvimento de Totó. A escola, a relação com a família e o seu futuro, em busca de algo que sempre exerceu fascínio sobre ele, além, como sempre, da descoberta do amor.

Mas o mais importante é a simplicidade do filme. A trilha sonora muito fluída do renomado Ennio Morricone soma-se à beleza sutil das imagens, e até das mudanças de foco na própria narrativa.

Cinema Paradiso não apenas fala de cinema, mas é uma das produções mais vigorosas dele próprio. Sua ambientação faceira lhe dá sentido e nos traz, mais uma vez, a imperiosa importância do cinema europeu.

domingo, 23 de setembro de 2007

Sassaricando, e o Rio Inventou a Marchinha



- - - de _Renata, para o na Vitrine.






Então... Sabem uma coisa que eu detesto? Carnaval.


Sabem outra coisa que eu detesto? O Rio de Janeiro.




Mas, por motivos que nem a ciência explica, eu gostei muito da peça que vos indico.


Trata-se de um musical brasileiro, que apresenta com muito bom gosto as músicas já abandonadas pelas festas atuais (e abomináveis, diga-se de passagem) do carnaval, as marchinhas.




Elas são o tipo de canção que você passar a gostar no momento em que escuta. Desacostumado ou não, você se empolga com o ritmo e a melodia, composta de rimas bem humoradas, cativantes e inteligentes.




Nessa peça participa um roqueiro brasileiro, já não do nosso tempo, mas que minha mãe afirmou com todas as letras que foi o uó da juventude dela. Eduardo Dusek, um coroa simpatíssimo e com muita presença de palco, lidera a apresentação de mais de duas horas.




Porém, o tempo corre contra quem ainda desejar assistir essa peça. O próximo fim-de-semana será o último e eu sugiro que vocês se apressem e estejam postados na frente do teatro da CAIXA Cultural - SBS Quadra 4, lotes 3/4 na quinta-feira 27 de setembro, às uma da tarde, se querem não só um bom lugar, mas um lugar mesmo, porque digamos... está bombando!














Agora eu sei porque Carnaval tem tanta tradição. É porque já foi muito bom!

sábado, 22 de setembro de 2007

A Menina Ícaro

- - - de Rafael, para o na Vitrine.

"Pare. Não há nada.
Só eu, e eu peguei você."


Esse foi um dos livros mais surpreendentes da minha vida. Não pelo enredo em si (inclusive, não gostei nem um pouco do final), mas pela forma como ele é escrito. É simplesmente indizível o poder que Helen Oyeyemi, com não mais de 20 anos, possui sobre as palavras, misturando poesia com prosa e sensações muitíssimo nítidas.

A Menina Ícaro é a história de Jessamy Harrison, a Jess. Uma menina de oito anos, com um mundo muito próprio, caracterizado pelo medo de quase tudo que, muitas vezes, a leva a terríveis ataques de gritaria. Jess vive contradições nítidas em sua vida, como conviver com sua dupla naturalidade, nigeriana e inglesa; e presentes até mesmo nas relações díspares com o pai e com a mãe. Jess é uma menina bastante inteligente. Seu passatempo? Ler Shakespere com a mãe. No entanto, existem barreiras muito maiores que a própria mente que a impedem de se sentir confortável na escola. A convivência com as garotas brancas, provavelmente.

E então, presa nesse turbilhão de inconveniências, Jessamy conhece Tilly-Tilly. Uma amiga que lhe entende. Mas, quando Tilly-Tilly passa a lhe mostrar como é fácil magoar as pessoas, Jessamy percebe que não sabe quem é sua melhor amiga.

Além da carga emocional muito forte, as descrições por todo o livro, valorizando de maneira invejável todos os outros sentidos, além da visão, fazem de A Menina Ícaro um romance insubstituível, de um terror sutil e de um desespero maior que muita objetividade por aí.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

O ano em que meus pais saíram de férias

- - - de Tereza, para o na Vitrine.

Um filme sobre infância, futebol, judaísmo, repressão e ditadura. E de repente parece que você está assistindo um desses filmes sensíveis italianos sobre a guerra. O que faz sentido, porque eu sou da opinião que em termos emocionais e artísticos o que mais se aproxima da guerra pro Brasil, e talvez para a América do Sul, seja a ditadura. Por isso é um tema tão revisitado.

E apresenta algumas inovações. São poucas explosões, as catarses são silenciosas, poucas vezes óbvias, o que dá uma qualidade diferente pro filme. O Cao Hamburguer é um bom diretor, principalmente de imagens, ele sabe onde colocar a câmera, sabe o que filmar. E a fotografia é primorosa, o ritmo nervoso quando tem que ser e estático, quase agoniante quando é necessário.

O maior problema do filme, sinceramente, são as atuações. Ou melhor, os diálogos. Tem uns que são dificéis de engolir e você pensa que o problema são os atores. Mas não, porque assim que eles calam a boca e só reagem, o filme melhora 200%. Ainda bem que na maior parte do tempo é silencioso.

É um drama, sim, mas tem momentos muito engraçados. Graças a Deus não é daqueles dramalhões forçados.

Uma das coisas que mais me impressionou é o quanto a infância é bem retratada. Filmes costumam ter duas formas de tratamento, ou são crianças hiper precoces que tomam conta dos adultos ao seu redor, ou são debeis mentais que nunca tiveram educação, todos com idade mental de 3 anos. Aqui as crianças apresentadas parecem reais, lembram a minha infância e da dos meus amigos.

Por fim, a metáfora de que o goleiro quem deve estar sempre preparado, embora esteja sozinho até que é sutil. Um filme bom, que tinha potencial pra ser ótimo.


terça-feira, 4 de setembro de 2007

Simpsons - O Filme


- - - de Renata, para o na Vitrine.

Eu dedico esta postagem ao querido Rafael. Porque eu sei a exata intensidade dos sentimentos dele pelo programa dos Simpsons e tenho uma considerável noção do que ele deve estar pensando ao ver uma matéria sobre eles no blog que ele criou e montou com tanta dedicação e esmero.


Ironia é uma arte. Seu perfeito equilíbrio com aventura, ação, amor, comédia pastelão, crítica social resultou nesta animação que vos apresento e que foi tão prazerosa de se assistir.

Quem conhece a série em seus pequenos detalhes com certeza compreenderá melhor a proposta do filme, mas sem dúvida o divertimento é geral. Mas já devo ir dizendo, na verdade, a peça não passa de um episódio de maior duração, com uma qualidade de animação bem maior e cinco ou seis cenas mais pesadas (para a TV americana, não a nossa). Mas quem reconhece como a série é extremamente boa sabe como isso não é um problema, mesmo.

Matt Groening, o criador do universo simpsioniano (hehe, acabei de iventar essa palavra, eu acho), para mim é um completo gênio. Ninguém jamais revelou com tanta precisão, humor e inteligência, os aspectos (absurdos ou não) da vida típica americana. E tudo através de um desenho animado com mais de 18 anos de duração, onde os brancos são as únicas pessoas com a coloração da pele representada erroneamente.

A trama é simples e bem contada. A cidade de Springfield (sem localização certa, exatamente porque existem milhares de cidades chamadas Springfield pelos EUA) e seus moradores (espelhando o próprio país) ignora seus problemas de poluição ambiental e se torna a cidade mais poluída dos EUA. O governo estadunidense (com um presidente 1% mais competente do que o atual) toma medidas drásticas e tipicamente estúpidas para resolver a questão.

Neste interím, Homer Simpson, o americano mais bem representado da história da Televisão (e agora do cinema!), entra em um grande conflito interno, ao perceber sua incapacidade de ser um chefe de família decente, principalmente para Bart Simpson, que começa a questionar seriamente o abandono paterno. Marge e Lisa representam a sensatez feminina que Matt Groening tanto valoriza. Uma é a eterna esposa dedicada e piedosa, quase santa, e a outra é a filha de cérebro afiado e alma romântica (em algumas cenas eu quase morri de rir, de tanto que meu comportamento parece com o dela).

Para quem assistir dublado, um grande revés: a voz de Homer está alterada, refletindo um sério problema da dublagem brasileira. Apesar de ser considerada uma das melhores do mundo, seus artistas não recebem o devido respeito no ambiente de trabalho. Waldyr Sant'Anna, o Homer verdadeiro, rompeu com a FOX e está a processando depois do uso não-autorizado de sua voz nos DVDs da série. Ele chegou a escrever uma nota oficial aos fãs, agradecendo o apoio e lamentando toda a situação. Consequentemente a falas de Homer ficaram xoxas e vazias, e serão assim daqui para frente, apesar do visível esforço do dublador Carlos Alberto, o substituto oficial.

Altamente recomendado se você quer rir de piadas inteligentes, espertas, rápidas, exageradas, infantis, adultas e que lá no fundo, também parodiam você.




E esperem a cena depois dos créditos, para pensarem em mim.

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